Sistema de Graduação e Katas do Estilo Goju-Ryu Shobukan
Texto adaptado por Marcos André Júnior
Atualmente vêm-se muitas diferenças de coloração e até mesmo de número de faixas entre os dojos e mesmo dentro do mesmo estilo de Karatê. Os estilos de Karatê possuíam originalmente apenas 2 (duas) classificações: Faixa Branca e Faixa Preta. Elas classificavam o praticante como sendo aluno ou instrutor.
Ocorre que essa classificação era utilizada num período em que as turmas iniciavam seu treinamento praticamente no mesmo período e seguiam juntas até que todos, ou a maioria, atingisse o nível de instrutor (aí então passavam a ter aulas com mestres mais avançados).
Com a massificação e ocidentalização da arte, somados ao grande volume de praticantes, o que gerou a necessidade dos dojos fazerem turmas mistas, houve também a necessidade de identificar essas turmas. Elas nem sempre começavam juntas e quase nunca caminhavam iguais até os níveis mais avançados.
Surgiu-se então a classificação de nível técnico e tempo de treino por cores de faixa começando pelas cores mais claras e escurecendo gradativamente até que o aluno atingisse a faixa preta (que é considerado como nível avançado).
A questão das cores é muito relativa e tem inúmeras interpretações dependendo do estilo e mesmo do mestre. Algumas das teorias mais comuns que justificam as cores são:
- “As faixas vão escurecendo até chegar ao preto, pois simbolizam a caminhada do praticante para atingir um nível avançado”.
- “A faixa preta simboliza a união do corpo e do espírito além o domínio das técnicas, pois o preto é a união de todas as cores”.
- “As faixas representam o tipo de técnica que é aprendida em casa fase do treinamento, que vão desde técnicas leves e neutras a fortes e ofensivas”
- “As faixas indicam o grau de responsabilidade pelos demais praticantes e pelo tipo de conduta que o praticante deve ter”.
Essas são apenas algumas das mais comuns, com certeza existem outras e com as mais variadas filosofias. Os únicos conceitos que realmente parecem presentes em todas são os de união, equilíbrio e sobriedade.
Isso mostra que não importa o estilo ou mesmo a forma como é praticado, os princípios filosóficos e as bases do Karatê seguem uma mesma linha de pensamento e buscam ideais muito próximos.
O estilo Gojuryu Shobukan praticado no Brasil foi um dos últimos estilos de Karate tradicional a adotar essa classificação de faixas para determinar o nível técnico e tempo de treino do praticante. Por isso mesmo, segue uma coloração parecida com a maioria dos estilos, mas com algumas diferenças, ou seja, existe um número menor de faixas, mas um período maior de permanência do praticante em cada uma delas.
Abaixo a nossa ordem de faixas:
O kata é uma seqüência de movimentos que contêm uma série lógica e prática de técnicas de ataque e defesa. Em cada kata existe um número pré-determinado de movimentos que o aluno pode praticar sozinho. As katas foram criadas por anteriores Mestres, depois de muitos anos de pesquisa, treino e real experiência de combate.
Quase todas as katas de Goju-Ryu foram transmitidas pelo Sensei Kanryo Higaonna, exceptuando as katas Gekisai dai ichi, Gekisai dai ni, Tensho e a atual versão do Sanchin, a principal kata do estilo. Existem, basicamente, duas formas de classificação dos katas do estilo Goju-Ryu, são elas: katas Heishu (Heishugata) e os katas Kaishu (Kaishugata)
Os katas heishugata significam literalmente "katas de mãos fechadas". Na realidade o significado é o constante estado de contração mantido da prática do kata, isto é, "fechar" tem relação com contração muscular. Este tipo de kata trabalha a força física, resistência e controle da respiração. Um exemplo de heishugata é o Sanchin que representa do "Go" do Estilo.
Os katas kaishugata significam literalmente "katas de mãos abertas". Neste tipo de kata os músculos mantêm-se "abertos" ou em estado de relaxamento, o que favorece a movimentação rápida e fluída. A contração dos músculos do corpo e a concentração do poder em Tanden ocorre num momento da execução de cada técnica. Um exemplo de kaishugata é Kakuhá criado por Toguchi Sensei (Fundados da escola Goju-Ryu Shoreikan).
Abaixo estão o nome e a descrição dos significados dos katas do estilo Goju-Ryu. Muitos dos nomes são números chineses simbolizando conceitos budistas. É digno de nota que todos os katas do estilo Goju-Ryu começam com uma técnica de defesa (uke waza), isto para que seja lembrado que as artes marciais são inerentemente uma arte de defesa tanto física, quanto moral, indicando que devemos nos defender de nós mesmos, bem como, defender a sociedade e seus valores importantes.
Sanchin significa três batalhas. A batalha entre o corpo, mente e espírito. Este kata ajuda à correcta respiração, kime, foco e força, bem como uma grande resistência ao impacto através do treino contínuo.
Tensho Ten significa rodar e Sho significa mão aberta. Este kata foi desenvolvido pelo Sensei Chojun Miyagi do kata Rokkishu do estilo chinês garça branca. Rokkishu significa seis mãos e denota as diferentes posições de mãos neste kata. Tensho combina os movimentos com suavidade. É a combinação entre a tensão com uma forte respiração e movimentos de mãos suaves e fluidos.
Gekisai dai ichi / Gekisai dai ni Significam ataque e destruição. Estas katas, foram inicialmente introduzidas pelo Sensei Chojun Miyagi em 1940. Este nome fica a dever-se à época em que foram criadas estas katas, o período da 2ª Guerra Mundial, Dai Ichi - número um, Dai Ni - número dois.
Saifa Romper e esmagar ou esmagar e partir em bocados. Esta kata é de origem chinesa e foi trazida para Okinawa pelo Sensei Kanryo Higaonna. Ataques para os lados e técnicas de libertação são realçados nesta kata. Os ataques são circulares com movimentos livres nas articulações dos pulsos, cotovelos e ombros como um chicote aumentando a velocidade e força.
Seiyenchin Controlar e puxar. Este kata é caracterizado pela respiração e movimentos lentos com muchimi. Todos os movimentos são técnicas de mãos, sem Chutes. Esta kata dá ênfase às posições fortes e estáveis e tal como o seu nome diz, existem muitas técnicas de puxar e atacar.
Shisochin Significa ataque a quatro portas ou ataques e defesas em quatro direções. Também de origem chinesa, esta kata foi ensinada ao Sensei Kanryo Higaonna pelo Sensei Ryu Ryu Ko. Movimentos de esquiva e de empurrar são realçados por movimentos de anca acentuados. Para além de técnicas de empurrão para distanciar o oponente, esta kata contém também técnicas de corpo a corpo, tais como ataques e chaves às articulações.
Sanseru Significa o número 36, calculado pela fórmula 6x6. O primeiro 6 representa a vista, a orelha, o nariz, a língua, o corpo e o espírito e o segundo 6 representa a cor, a voz, o paladar, o cheiro, o tacto e a justiça. A kata tem igualmente 36 movimentos. É caracterizada por movimentos rápidos na defesa de ataques de curta distância.
Seipai Significa o número 18, calculado a partir de 6x3. O número 6 representa o mesmo que o segundo 6 da Sanseru (cor, a voz, o paladar, o cheiro, o tacto e a justiça). O número 3 representa o bom, o mau e a paz.
Sesan Significa o número 13. Esta kata dá ênfase à luta de curta distância com socos curtos e pontapés baixos em várias direções. É caracterizada pela combinação de técnicas rápidas e explosivas contrabalançando com técnicas lentas e pesadas executadas com muchimi.
Kururunfa Significa o número 19 ou parar o ataque que vem e partir. Nesta kata, sobressaem o Tai Sabaki e os movimentos rápidos.
Suparimpei Significa o número 108. O antigo nome desta kata era Pichurin. Havia também antigamente 3 variantes desta kata, o Dai, Chu e Sho. Atualmente pratica-se a variante Sho. O número 108 tem um significado especial no Budismo, visto que acreditam que há 108 paixões demoníacas. Calcula-se pela fórmula 36x3. O número 36 tem o mesmo significado de Sanseru e o número 3 representa o passado, o presente e o futuro."
Fonte: Acesso em 14/08/2008.